Russell Brand: “Os macacos humanos atingiram seu ápice, agora precisamos nos transformar em iluminados”

Essa montagem de discursos sérios recentes do ator e comediante britânico Russell Brand (“Forgetting Sarah Marshall”, “The Tempest” e “Despicable Me”) é interessante pelo conteúdo e pela energia que ele coloca nas explicações e exposições sobre o que entende por consciência humana, resultado do seu envolvimento recente com a prática do Yoga e da meditação. Controverso, ex-viciado em heroína (razão que aparentemente matou o ator Philip Seymour Hoffman no último fim-de-semana), ex-alcóolatra e ex-marido da cantora americana Kate Perry, Russell parece ter atravessado um período de transformação que culminou no seu contato com descobertas interiores e também a Meditação Transcendental (a mesma que atraiu os Beatles nos Anos 60), que agora são parte frequente de suas entrevistas e do seu trabalho – é inclusive um dos temas da sua turnê de stand-up “The Messiah Complex“.

A energia de Brand é peculiar, ao mesmo tempo combativa mas também aberta. Energicamente articulado, ele passa por um monte de assuntos em pouco tempo de discurso, como a toxicidade da mídia e das corporações, a tendência de nos identificarmos e nos definirmos com objetos externos caóticos, Paramahansa Yogananda, Jesus Cristo e Joseph Campbell, consciência, amor, as limitações dos cinco sentidos e só pára porque suas entrevistas e seu tempo acaba. Embora discursos assim não sejam nenhuma novidade, Russell tem sua maneira, não é ranzinza nem fanático, na maior parte das vezes coerente e fala a partir do ponto de quem pratica, que é fundamental. Essa postura às vezes fala mais alto que o discurso em si. Recentemente ele tem aparecido em conferências sobre meditação ao lado do diretor David Lynch (outro embaixador da MT) e suas posições contra o sistema político eleitoral atual tem apoios de ativistas como Bob Geldof.

“(…) Porque o eu é uma ilusão temporária. Como o elemento fundamental é a unidade, que isso é uma ilusão temporária, que nós temporariamente ocupados esses fantoches de carne, nós acreditamos tanto em nossas identidades, acreditamos em nosso individualismo, e tomamos isso egoisticamente. Olhe pra mim, pro meu cabelo, olhe esses colares, olhe essas botas ridículas, eu sou uma pessoa que acredita na natureza do meu próprio individualismo, em minha própria identidade, mas num nível mais profundo reconheço que todas essas coisas são transitórias, e que o mais importante é o que nós todos compartilhamos amor, unidade, união.”
~ Russell Brand

Segue o vídeo da montagem abaixo (11min18seg), com legendas em português que devem ser ativadas no controle na aprte inferior do vídeo (caso o vídeo não apareça, recarregue esta página ou tente link alternativo).

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8 Comments

  1. says: Christina Castilho

    a princípio a energia caótica do Russel incomoda um pouco, mas se a gente passa esse desconforto inicial, dá pra ver um entusiasmo legítimo capaz de inspirar… e é mais interessante por conta da posição dele como celebridade, então falar sobre o que ele fala em locais e momentos onde não se espera isso é impagável!

  2. says: dalva figueiredo menezes

    Esse rapaz não pode fazer yoga nem meditação de forma correta, pois ninguém que pratica as duas coisas fala dessa forma compulsiva, agressiva e tentando impor qualquer coisa que ele parece que descobriu .Parece mais um cara precisando de ajuda , e muito longe de alcançar qualquer tipo de iluminação.

    1. A energia dele é justamente o que chama a atenção, um pouco diferente do estereótipo do sorridente pacífico silencioso. Mas não acho que seja menos legítimo. E ele não se apresenta como um mestre, é um ator que de repente viu alguma coisa diferente e real.

      A impressão do “compulsivo” pode ser da edição do vídeo, porque são muitas entrevistas condensadas. Mas o resto entendi diferente. Vejo assertividade ao invés de agressividade, e vejo ele acreditar no que fala, sem impor, talvez com a paixão da recém-descoberta. O que também vejo como natural, e até entusiasmante. Há várias outras entrevistas onde ele coloca as coisas de maneira aberta e leve, ainda que intenso, mas teria que ver, talvez isso componha melhor as conotações. Sobre o que ele parece, difícil dizer, mas sim, até há alguns anos ele tinha problemas com drogas e álcool, então ele precisou de ajuda, e conseguiu. De uma fonte onde ela existe em abundância.

      Namastê,
      Nando

    2. says: Natalia

      Não acredito que devemos estereotipar praticantes de yoga e meditação. Sendo assim, o julgamento também seria digno de tornar uma pessoa não praticante. Como nos comunicamos, de forma energética ou não, faz parte do que somos e de como aprendemos a ser. Há diferentes públicos a serem atingidos. Por isso acredito ser de extrema importância diferentes formas de propagação de ideias sobre o auto conhecimento. Acho que a chave é olhar pra si e esquecer de olhar para como e em qual “nível” está a prática do próximo.

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