Mesmo se você pudesse parar seus pensamentos, você não estaria meditando: 7 máximas de Yongey Mingyur Rinpoche

No caminho do auto-conhecimento e na prática da meditação, ensinamentos e esclarecimentos como esses sete selecionados abaixo do monge nepalês Yongey Mingyur Rinpoche são preciosos e iluminados. Mestre de duas linhagens do Budismo Tibetano (Karma Kagyu e Nyingma), o jovem de 37 anos Yongey Mingyur vem sendo cada vez mais conhecido no Brasil com o livro “A Alegria de Viver, Descobrindo o Segredo da Felicidade” e com os retiros que ensinam a meditar, nos centros da Tergar Meditation Community, que mantém atividades em São Paulo e no Rio de Janeiro (há cursos sendo realizados no final de novembro e início de dezembro em ambas as cidades). As frases abaixo são apenas algumas das máximas que Yongey Mingyur traz para o ensinamento da meditação, e, como a própria meditação, fazem pouco ou nenhum sentido se não forem compreendidas a partir da própria experiência.

Seguem as sete breves instruções selecionadas do ensinamento de Yongey Mingyur Rinpoche:

– A mente está sempre ativa, sempre gerando pensamentos, assim como o oceano sempre gera ondas. Não podemos parar nossos pensamentos mais do que podemos parar as ondas no oceano. Descansar a mente em seu estado natural é muito diferente de tentar parar os pensamentos todos. A meditação budista não envolve nenhuma maneira a tentativa de tornar a mente branca. Não há uma maneira de alcançar a meditação sem pensamentos. Mesmo se você pode parar seus pensamentos, você não estaria meditando; você está apenas jogada à deriva num estado zumbi.

– As expectativas que você traz pra sua meditação são geralmente os maiores obstáculos que você vai encontrar.

– A essência da prática da meditação é desistir de todas as suas expectativas sobre a meditação. Todas as qualidades da sua mente natural – paz, abertura, relaxamento e claridade – estão presentes na sa mente assim como ela é. Você não tem que fazer nada diferente. Você não tem que mudar ou melhorar sua consciência. Tudo que você tem que fazer enquanto estiver observando sua mente é reconhecer as qualidades que ela já tem.

– Muitas pessoas acreditam erroneamente que a meditação envolve parar deliberadamente o movimento natural dos pensamentos e das emoções. É possível bloquear esses movimentos por algum tempo e mesmo alcançar um sentido fugaz de paz – mas é a paz de um zumbi. Um estado sem pensamentos e sem emoções é um estado desprovido de discernimento ou claridade.

– Como a vacuidade, a natureza verdadeira da claridade é impossível de definir completamente sem invocar algum tipo de conceito que você pode num bolso mental, num pensamento. Ok, entendi, minha mente está clara, e agora? A claridade em sua forma pura tem que ser experimentada. E quando você experimenta, não há nenhum “E agora?”. Você capta.

–  Sem meditação, nossa mente é como um macaco doido que não conseguimos controlar.

– Você não é a pessoa limitada que você pensa que é. Qualquer professor budista treinado pode lhe dizer com toda convicção de sua experiência pessoal que, realmente, você é o próprio coração da compaixão, completamente consciente e plenamente capaz de alcançar o maior bem, não só pra você mesmo, mas para qualquer um e qualquer coisa que você puder imaginar.

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Foto de Yongey Buddhist Center.

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14 Comments

  1. says: norma7

    Achei muito tranquilo o seu ponto de vista.
    Gostei especialmente de:”você é o próprio coração da compaixão, completamente consciente e plenamente capaz de alcançar o maior bem, não só pra você mesmo, mas para qualquer um e qualquer coisa que você puder imaginar.”
    Amorosamente inspirador 3>
    Grata e Boa Sorte.

  2. Só essa parte do pensamento dele me diz tudo, e por isso transcrevo:”- Você não é a pessoa limitada que você pensa que é. Qualquer professor budista treinado pode lhe dizer com toda convicção de sua experiência pessoal que, realmente, você é o próprio coração da compaixão, completamente consciente e plenamente capaz de alcançar o maior bem, não só pra você mesmo, mas para qualquer um e qualquer coisa que você puder imaginar”.
    Como “pensar é criar”… meditar é ser paz. Não é ter paz; é viver a paz,ser a própria paz.

  3. says: Dina

    Ele disse muito e nao falou nada.
    Ele diz o que NAO É a meditaçao, mais simples dizer o QUE É a meditaçao. A meditaçao se faz num lapso de tempo, enquanto se medita, isso nao quer dizer que se medita 24 horas por dia. No Oriente é o tempo de queimar 1 incenso ou 20 minutos. Ha varias maneiras de meditar, quando se conecta com as coisas, so observar, conteplar de maneira passiva nao ocorre pensamentos; e pensamentos nao trazem emoçoes associadas, dai vem a paz interior. Isso enquanto durar.

    Fazer o vazio mental é a primeira etapa. Outras etapas é saber por em pratica outros tipos de meditaçao como auto-conhecimento por introspecçao, ou buscar outras metas praticas para a vida, como aperfeiçoar algo que se tem em proposito, etc… Quando voce fez esta leitura, voce ja estava meditando, fazendo uma pintura, passeando no bosque, contemplando o por do sol, tambem é um exemplo de meditaçao. Mas isso é so o começo.

    Dina

    1. Nossa Dina, acho que ele diz muito em muito poucas palavras. Algumas vezes, dizer o que não é vale mais do que dizer o que é, e muitas vezes é a única coisa possível de ser feita. Por isso o valor de trazer os ensinamentos de alguém treinado e dedicado seriamente, com experiência, capaz de esclarecer ao invés de confundir — e parece evidente o quanto de confusão já há. Como, por exemplo, assumir que só existe um tipo de meditação no Oriente, de um incenso ou 20 minutos, e que ela obedece um único caminho. E a Vipassana, por exemplo? Ou o Zazen (que são 40 minutos, por exemplo)? E quantas outras?

      De qualquer maneira, a intenção ao trazer essas frases de Yongey Mingyuyr Rinpoche são de nos aproximar de uma essência que a prática revela (auto-realização, ou atmavidya/bramavidya…), e não dessa ou daquela forma. E também permitir que cada um de nós crie sua síntese, se encontre no caminho, tenha sua própria experiência. Como o próprio Yongey Mingyuur diz, “não há duas experiências de meditação iguais”.

      Outros ensinamentos e frases do Yongey Mingyur Rinpoche (em inglês):
      http://justmingyur.wordpress.com/quotes/

      Um abraço grande,
      Nando

  4. says: LINCOLN CALIXTO DA SILVA

    -A Mente e Filosofia oriental estão bastante adiantadas,espiritualmente.
    Temos muito que aprender.
    Já a Mente ocidental é mais turbulenta,
    e cheia de picuinhas…..
    Dificilmente entende e se adapta aos ensinamentos básicos ensinados pela grande Filosofia Oriental.
    Falta,principalmente, compreensão e humildade.
    Agradeço e me curvo aos Ensinamentos do Dharma … muito obrigado

  5. says: Silas

    Posso entender então que um componente básico da meditação é a observação?
    Por exemplo, se eu sentar em um parque. Há crianças brincando, passa um cachorro, pássaros cantam, amigos riem de alguma coisa, uma bola é lançada e passa rolando no meu campo visual, o vento sopra mais forte causando sensações, alguns pensamentos passam por minha mente. Se eu observar essas coisas sem enquadra-las em um certo sentido ou conclusão estarei meditando?

    1. Acho q sim, Silas. Mas a meditação é quando você entende sem ter que perguntar. Ninguém pra aprovar, ninguém pra atestar, ninguém pra desmentir. No fundo, as coisas que acontecem no parque acontecem, e se você não enquadra, elas não se enquadram, nem em você nem em ninguém.

      Agora não lembro quem, mas recentemente publicamos um texto aqui onde um desses grandes falava que é inútil ficar falando de meditação se não há a experiência. Só quando ela começa é que podemos realmente entender alguma coisa. O que gosto especialmente em instruções como essas do Yongey Mingyur é a capacidade de desmistificar – porque realmente há muita gente desistindo de meditar porque ouviram que tem que parar de pensar.

      ABS,
      Nando

    2. says: norma

      Oi Silas,

      Posso sugerir que vc dê uma olhada num livrinho do Osho chamado “Orange”?
      Tem para download no 4shared. (em caso de dificuldades – me avise que eu disponibilizo).

      Tem uma curta para você se situar no dia a dia (em meio a um stress pesado ou qdo tudo parece vir carimbado com “Made in DRAMAland”) que é vc chamar, em voz alta o seu próprio nome (no caso Silas) e Responder: “Estou aqui!”

      Boa Sorte,
      Nac♥

    1. says: Silas

      Obrigado também ao Felipe por sua resposta, a qual por algum motivo só consegui enchergar no email que recebi do Dharlalog mas não aqui. Abs! Silas.

  6. says: norma

    Felipe,

    Mesma situação do Silas, acima.

    +++++
    Bom, se me lembro bem, vc comentou algo parecido com: “todos se sentiriam bem na presença de Buda”. Foi isso ref. a energia que ele emana? Tipo: Até aí, até eu…

    Sou portadora de boas notícias, já que de certa forma todos somos mestre & alunos – e mensageiros Pisc*: Temos esse ‘estado’ em nós mesmos! Buda (no caso foi Sakyamuni) = iluminado.

    Os 10 Estados de Vida (e tb é conhecido com Os 10 Mundos) não são degraus a serem galgados. E todos os 10 podem ser vividos num período de 24 hr.
    (“Os dez estados não são degraus evolutivos nem estágios. Também não servem para separar as pessoas em grupos distintos. Esse princípio esclarece que todos têm algo em comum, respeitando a individualidade. Em outras palavras, cada pessoa é única. Mas a experiência em determinado estado de vida é a mesma para todos, devido às características universais de cada um dos dez estados.”).
    E isso é independe se a pessoa é Budista ou não.

    Vou te dar um exemplo simples: Uma pessoa que roubou o teu carro, te machucou, te fez mal – ela está no estado mais baixo da Vida. Á noite, em s/casa lendo um gibi para os seus filhos, ela está no mais elevado.

    (podemos transformar imediatamente o inferno em Estado de Buda).

    Tem um Gosho (escritura) que diz:
    “Tanto a terra pura como o inferno não existem fora de nós; ambos residem em nossos próprios corações. Aquele que desperta para esta verdade, é chamado Buda; enquanto aquele iludido por esta questão, é chamado mortal comum.

    Felipe, não importa a onde vc recebe o seu ‘alimento espiritual’ ou segue. Todas são boas se você trabalha por você, para tornar-se uma melhor versão de você mesmo. É nossa hora, é nossa vez!
    (o Budismo fala muito no “Espírito de Procura)
    Boa Sorte, Norma

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