A “ciência da felicidade” não existe, diz Oliver Burkeman

A felicidade existe, naturalmente, mas sua ciência ou não existe ou é essencialmente pessoal e subjetiva, e não científica. Essa é a tese de Oliver Burkeman, colunista de psicologia da editoria “Life & Style” do jornal inglês The Guardian, na sua mais recente coluna (sábado, 7/5), “The science of Happiness (How accurate can it really be?)“.

Para justificar, Burkeman cita uma expressão excelente de um colega de jornal que define a limitação mais fundamental da ciência quando o assunto são sentimentos subjetivos e a consciência humana. “Isso acontece porque, como diz Daniel Dennett, a ciência é por definição de “terceira pessoa”: seu objetivo inteiro é lidar com coisas que outras pessoas possam observar, e em procedimentos que elas possam tentar replicar. O lugar onde a felicidade e a tristeza acontecem — sua experiência consciente de estar sendo você mesmo — é intrinsecamente primeira pessoa“. A sentença parece até vinda de um canone de filosofia oriental.

O problema não é só ser de terceira pessoa, mas de ser inexata e frágil nesta terceira pessoa. Qual a amostra realmente representativa que uma ciência de felicidade pode encontrar no globo terrestre? Isso envolve idade, sexo, cultura, história? E como confiar cientificamente, ao ponto de tirar conclusões definitivas, em relatos pessoais?

A coluna de Burkeman fala bastante do problema da confiança extrema que se deposita nas pesquisas científicas, e critica as amostras em que essas pesquisas se baseiam, acusando-as de serem tendenciosas e restritas. “Muitos experimentos são feitos em cidadãos de países brancos, educados, industrializados, ricos e estranhamente democráticos”. Ainda assim, diz que não deveríamos abandonar a ciência da felicidade, “especialmente se estamos investindo dinheiro em programas que promovem o bem-estar”, mas diz que quando o assunto é sua experiência interior nenhum estudo pode dizer conclusivamente que você está errado.

Para ler a coluna de Oliver Burkeman no Guardian, em inglês, clique aqui.

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