Nós somos aqueles que nós mesmos estávamos esperando, diz uma famosa oração dos índios americanos Hopi, e essa mensagem ecoa em palavras mais recentes como as do filósofo indiano Bhagwan Shree Rajneesh, o Osho (1931-1990), cuja visão sobre a crise mundial está numa coleção recente de seus discursos no livro “It’s All About Change” (2014). Já faz 25 anos que Osho não está mais entre nós, mas a crise que ele fala está, e talvez mais forte: e se está, de certa maneira deixamos estar ou mesmo apoiamos estar, demos algum tipo de suporte a ela — como tolerância passiva, por exemplo.
“Retire seu apoio“, ele sugere.
E como estamos às vésperas de uma celebração religiosa e cultural importante, talvez seja importante fazer uma conexão com visões como a de Eckhart Tolle sobre o que é essa “nova Terra” ou nova consciência. “A ‘segunda vinda’ de Cristo é uma transformação da consciência“, ele diz. “Uma mudança do tempo para a presença, do pensamento para a consciência pura, e não a chegada de algum homem ou de alguma mulher”, completa Eckhart, em “O Poder do Agora”. Sob essa perspective, é mais fácil compreender o que seria a ressurreição deste mesmo Cristo.
Segue o texto do Osho:
“O futuro não deveria ser só uma esperança e uma oportunidade: essa são apenas palavras vis. O futuro deveria ser absolutamente nosso — deveria ser um futuro dourado. Vivemos com a idéia de um passado dourado — que nunca foi dourado! Mas podemos criar um futuro que é um futuro dourado. Agora é um grande momento. Podemos conseguir um mundo. Essa crise é uma crise dourada, porque as pessoas mudam apenas sobre nessas condições de estresse profundo. Enquanto a situação é tolerável, as pessoas vão tolerá-la — mas agora estamos em um ponto onde a situação não é tolerável. Não há mais tempo para criar comissões e relatórios. Os problemas são muito simples. Tem apenas que ficar claro para toda a humanidade que esses problemas são nossa criação, e que você ainda está criando-os. Uma grande consciência tem que ser espalhada: ‘Esses são os problemas que estamos apoiando. Retire seu apoio’. E alguns passos práticos devem ser tomados… por exemplo, se alguém quer ser um cidadão do mundo, as Nações Unidas deveria fornecer passaportes de cidadão do mundo, sem conexão com qualquer nação. Apenas alguns pequenos passos podem ter um grande impacto imediatamente, eles vão criar uma atmosfera. Essa crise tem sido criada por religiões e nacionalidades, e chegou ao ponto onde não pode mais existir.
Se algo tem que ser feito para o futuro, agora é a hora. Ou senão a maior evolução de consciência no universo vai desaparecer — e essa não é apenas uma perda da terra, mas do universo inteiro. Em um milhão de anos fomos capazes de criar alguma possibilidade para a consciência. Mas agora não temos tempo par esperar a natureza se desenvolver vagarosamente. Ela tem a eternidade, mas nós não. Se vamos resolver o futuro e dissolver os problemas, temos que olhar para as raízes no passado. É nosso passado inteiro, em todas as suas dimensões, que trouxe essa perigosa situação — e ninguém fala sobre isso, porque nenhuma geração passada se preocupou sobre o futuro. O homem sempre viveu do jeito que queria, e forçou cada nova geração a viver da mesma maneira. Isso não é mais possível. Temos que dar o salto quântico — e ensinar à nova geração a não viver da mesma maneira que vivemos. Só então o futuro pode ser mudado”.
— Osho, em “It’s All About Change” (Osho media International, 2014)
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