“O Trote dos Portais Numéricos”: o questionamento do professor de Yoga Pedro Kupfer sobre a crença no 11/11/11

Enquanto se espalha na web e por email a espera por mais um “portal numérico“, que aconteceria nexta sexta-feira, dia 11 de novembro de 2011 (11/11/11), o instrutor de yoga brasileiro Pedro Kupfer, que ensina yoga há mais de 30 anos e é o criador do site yoga.pro.br, publicou em sua página no Facebook um post questionando a existência de tal portal. Para ele, não há razão para acreditar que o calendário gregoriano, apenas um entre tantos, seria capaz de receber tal tratamento privilegiado das energias universais, e afirma que “não há conexão entre algum evento especial cósmico e a maneira em que os ocidentais inventaram para contar o tempo“.

Particularmente, conheço várias pessoas de bem interessadas em aproveitar ocasiões como essa para reunir energia coletiva positiva, que é uma das coisas que realmente precisamos, e realizar eventos benéficos para todos nós (vibrações e meditações coletivas realmente tem efeitos benéficos). Mas isso não necessariamente atesta a abertura de um “portal” ou outro evento de natureza energética pré-programada, e sim uma oportunidade humana para congregação. Mas como em toda busca da realidade, o discernimento e o rigor tem papel imprescindível e, neste sentido, o ponto de Pedro Kupfer é importante e necessário. É essencial estarmos cada vez mais firmes na verdade e na Terra para que essas energias sejam fonte de força real, revertidas em ações em nossas vidas, e não da fragilidade de crenças, que em si próprias são fracas e não raras vezes contra-produtivas.

Segue o post, com agradecimento ao Pedro por permitir a republicação na íntegra aqui.

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O TROTE DOS PORTAIS NUMÉRICOS
Por Pedro Kupfer (*)

Entra ano, sai ano, e é sempre a mesma coisa: em algum momento, você recebe um email (ou uma enxurrada deles) anunciando que “um portal de harmonia planetária” vai se abrir proximamente.

Você recebeu emails anunciando que isso aconteceria em 01/01/01, em 02/02/02, em 03/03/03, etc., e está recebendo agora, anunciando a abertura do mais novo “portal” em 11/11/11.

Pergunto: para que serviram os outros portais: alguém ficou mais iluminado nos últimos 10 anos por causa desses portais?

Muita gente está esperando chegar o ano de 2013, pois esse joguinho numerológico acaba ano que vem. Concretamente, em 12/12/12. Ufa!

Já falta pouco, se é que o mundo não vai acabar mesmo em 2012, como inventaram os espertinhos que estão faturando alto com essa teoria implausível.

Agora, pergunto para os desavisados que enviam estes emails: vocês realmente acreditam que Isvara, a inteligência que dá existência ao universo, está preocupado com essas contas?

Vocês acha que Isvara tem algum plano especial a ser coordenado com o patético calendário gregoriano?

Não há conexão entre algum evento especial cósmico e a maneira em que os ocidentais inventaram para contar o tempo.

Isso só pode ser um trote de pessoas de mau-gosto ou uma crença infantil de mentes que precisam acreditar nesse tipo de coisa para viver.

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19 Comments

  1. says: Lívia

    Achei amargurado o texto deste professor – o calendário gregoriano tem a sua razão de ser, qualquer que seja, bem como diz o ditado: “há mais mistérios entre o céu e a terra do que pode sonhar nossa vã filosofia”, não é? Concordo bastante com o princípio do texto daqui; seja o que for, a data é ótima oportunidade para agregar energias positivas, que sempre são bem-vindas. Namaskar! =)

  2. says: Raimundo Ferat

    Pregar ceticismo evocando a existência de uma inteligência que supostamente dá existência ao universo (sic) é no mínimo contraditório…

    1. says: nandop

      Raimundo, se o ceticismo é a impossibilidade de se chegar à verdade ou a pressuposição que uma inteligência não existe, então o ceticismo tem valor muito reduzido na busca do auto-conhecimento. É quase um dogma, uma posição fixa perante a realidade e o trabalho filosófico sincero. Mas se, por outro lado, ele for o rigor crítico no discernimento da realidade, sem negar qualquer conclusão possível a que ela nos leve, seja negando ou afirmando qualquer existência, então ele é útil e necessário às investigações científicas e filosóficas.

      Acho que o ponto do Pedro é em prol desse discernimento rigoroso do que é, deixando de lado as invenções humanas sem rigor e que podem nos distanciar mais da verdade.

    2. says: Raimundo Ferat

      E “Isvara, a inteligência que dá existência ao universo”, também não PODE SER uma dessas invenções humanas?

      O ceticismo não é um interruptor que é ligado para criticar o que não diz respeito às suas crenças e desligado para preservar conclusões que confirmam a sua percepção da realidade.

      Enfim, o texto teria mais coerência sem as quatro frases finais.

  3. O desenvolvimento da consciência parte para a elaboração espiritual amadurecida. A infantilidade das crendices mais afastam o ser humano do caminho, via ingenuidade de “portais” e “fins escatológicos” do que propriamente o possibilita de caminhar em direção ao equilibrio espiritual.

  4. says: Marcelo Almeida

    Acho que Kupfer tem razão, em parte. Só retiraria a crítica ao calendário pois ele tem suas razões e benefícios, e a críticas às pessoas que crêem nas “datas”. A crença que elas manifestam também tem suas razões, eu não tenho nenhum apego as datas, mas respeito quem crê porque respeito qualquer manifestação humana. Se não respeitar, como ajudar a mudar?
    Valeu Kupfer.

  5. says: Lena Siqueira

    Nem acredito que uma pessoa esclarecida como essa tenha afirmado tal coisa.
    E desde quando os números não contêm em si a sua própria força e vibração? Independentemente de calendário ocidental ou oriental, os números não estão em nossas vidas à toa.
    Se em 11/11/11 abriu algum portal, somente os que têm “olhos de ver” é que poderão ser beneficiados de tal evento. Assim como os que “ouvem” estão em uma esfera diferente dessa.
    Não há porque duvidarmos do que não podemos ver. Há quem veja…

    1. says: nandop

      Oi Lena,

      Se houver algum artigo que explique ou ajude mais gente a ver e aproveitar esses portais, com bom embasamento (e pode ser místico) sem simplesmente afirmar a existência deles baseado numa disposição numérica, peço que compartilhe conosco. O dia já passou, mas se estamos interessados em descobrir, isso continua sendo útil pra gente.

      Pelo que vejo, a maioria de nós parece estar interessada nessas boas energias pro planeta e pra nós mesmos, pra humanidade e para uma nova consciência.

      A dúvida faz parte da busca. E talvez essa nova consciência também tenha isso, mais inteligência e mais intuição com menos crendices e ilusões humanas. Talvez isso seja parte do nosso crescimento. O que precisamos é buscar com rigor e sinceridade, e o que for verdade ou ilusão deve aparecer como tal.

  6. says: Marcelo Almeida

    Que diversidade de interpretações… concordo que os número tem força, mas a manipulação deles, sob qualquer forma, seja nos calendários ou na numerologia, são só artifícios que a nossa “civilização” encontrou pra nos balizar no passar do tempo. E obviamente…, surgiram os interessados em obter algum “poder” com eles (os números). Acredite no que quiser,mas que isto acontece, acontece. E então vem as explicações, de que uns conseguem ver mais que outros…, tem sensibilidade que outros…, e começamos a discriminação, a separação, e acontece o mesmo que aconteceu com as religiões, que mas separam do que unem. E resultam em guerras…
    Somos crianças sim, mas precisamos nos tornar adultos. E rápido, porque a nossa nave Mãe, a Terra, não suporta mais as nossas brincadeiras infantis. Vamos crescer pessoal, vamos largar estas crenças e mudar as AGORA.

  7. says: Marcelo Almeida

    Sim, sonhar é bom, nos deixar levar por uma intuição que nos agradou ou fez sentir bem, é ótimo. A infÂncia tem muito destes momentos, que nunca mais esquecemos. Mas adultos também sonham, também tem necessidade de realizações. Nossa cultura talvez nos leve, quando na idade adulto, a viver para as necessidades e não para os sonhos. Um mundo mais cooperativo e menos competitivo pode nos trazer de volta (sim, trazer de volta…) a possibilidade de sermos espíritos livres a vida inteira. Penso que prá isto acontecer, vamos precisar nos desprender daquilo que acreditamos por que nos foi transmitido e simplesmente “adotamos” como verdade. Lembrando oque disse Lin Yutang, escritor chinês, “O erudito é como o corvo que alimenta os seus filhotes vomitando o que comeu. O pensador é como o bicho da seda, que não nos dá folhas de amoreira, mas seda”. Acredito que estamos em um momento único na nossa evolução, e precisamos nos desapegar de muitas coisas…

  8. says: daniela

    O pensamento é livre, o conhecimento Real, é gratuito e está aa disposição de todos que estão PRONTOS. parafraseando p. Brunton : “O homem moderno representa o triunfo do intelecto mecanístico sobre o instinto puro, assim como o homem do futuro representará o triunfo da intuição divina sobre o intelecto puro”. Não precisamos de mais intelectuais, precisamos de mais intuição, ou seja, desenvolvermos e resgatarmos tal forma. E sim, com portais. Você não sente? haverá o momento daqueles que ainda não sentem, sentirem, inclusive o autor do texto, que pratica, estuda e ensina uma filosofia a tanto tempo e ainda não conseguiu abrir o coração.

  9. says: stupa

    Embora os argumentos usados pelo autor são proveitosos, assim como, todo idéia o é, juntamente com o tal discernimento, suas colocações foram grosseiras e densas, afastando-o, consideravelmente, do que institui a ética do yoga
    Podemos fazer um cavalo cavalgar dando-lhes chicotadas. Mas, é certo, existem outras formas bem menos tangíveis de fazê-lo cumprir uma tarefa.
    O texto acima deixa, no fim de tudo, uma mensagem bem clara: onde não existe coração, a mente está no comando. E onde existe uma mente no comando, Deus não está presente.
    Inteligência e sabedoria são coisas distintas, professor Pedro…

  10. says: Valdevino medeiros

    Um homem culto do seculo XVIII, dado a filosofias ocultas, disse; que se um homem viajar todo dia ao amanhecer em direção ao nascente, para ir longe buscar um balho de arvore, um tempo depois poderar fazer milagres usando este galho. Imagino que muita gente é bem capaz de cumprir a risca esse ritual tentando adquirir poderes magicos. mas, ele mesmo adverte, que a sabedoria para os comuns é loucura. “Acho que cada um deve encontrar seu ritual,que o leve ao crescimento” busca de galhos? não sei, não!

  11. says: Marcelo

    Relendo Kupfer hoje, e toda a crítica que aconteceu, entendo que ele e muitas outras pessoas – e eu também – estamos de saco cheio de tanta propaganda de portais e etc. Nos últimos anos proliferou a quantidade de pessoas “sensíveis” a tudo… Em Florianópolis onde moro e conheço muito bem, é impressionante a quantidade de pessoas que prometem curar voce de qualquer coisa que “prejudique” sua vida. Tem terapias alternativas pra tudo. Mas feitas por pessoas extremamente despreparadas, pessoas extremamente “ego – centradas” … É terrível, sofri na mão de uma dessas pessoas, e corri sérios riscos. Aprendi mas não foi sem ter sérios prejuízos. E o pior de tudo é que se as terapias não derem bons resultados, a culpa SEMPRE

    1. says: Marcelo

      (continuando…) SEMPRE é do cliente. Tais pessoas tão generosas e dotadas de tão boa vontade jamais cometem erros nem são mal sucedidas. “PelamordeDeus…”. Penso que toda esta proliferação de coisas místicas e terapias e terapeutas tem muito, mas muito mesmo, a ver com a necessidade de ganhar dinheiro. Conheço pessoas com este perfil e não há dúvidas. Aquilo que nós chamamos de Espiritualidade, virou consumismo capitalista. Vá em uma loja de produtos místicos e vai ver a variedade de coisas “pra vender”. Então não posso deixar de destacar e apoiar Pedro quanto ao “saco” que virou o assunto dos tais portais e muitas outras coisas. Talvez dia 22 de dezembro as pessoas reflitam melhor sobre tudo isto.

    2. Bom ponto, Marcelo.

      Concordo em parte com você. Acho que há um despreparo porque há falta de seriedade, de rigor (científico) e de preparo, mesmo que a coisa seja metafísica ou mística. Desconfio que algumas pessoas acham que por ser “energético” não necessita estudo ou técnica, ou que por ser “místico” não precisa investigação, ou que por ser do âmbito da “não-mente” não é preciso compreensão.

      Uma das coisas que está nesse texto do Kupfer que me fizeram pedi-lo para republicar é justamente isso: a pressa em acreditar sem evidência, a necessidade psicológica sem lucidez, a carência.

      A carência que a idéia de um portal desses transmite é enorme. É como se as pessoas tivessem que aproveitar um momento X do alinhamento do universo para conseguirem alguma coisa de bom. Porque senão perdem a chance. Que no dia seguinte não tem mais e voltamos todos à rotina estéril sem oportunidades. Isso é uma ilusão. Essa carência que leva à percepção de momentos desprovidos de tudo é um desserviço, um passo pra trás. Induz à pressa e à noção de algo que nascemos sem e que precisamos esforçadamente correr atrás pra conseguir, e numa determinada data, o que é essencialmente falso.

      Como falei, acho que há imenso valor na congregação humana que acaba acontecendo, na união, no desejo de transmitir a felicidade a todos (e talvez darmos um passo à frente na enorme seara de problemas da nossa comunidade humana), mas mesmo isso é enfraquecido quando a energia parte de um ponto de carência, de medo, de pressa de ser assolado no dia seguinte (ou do dia anterior) por um dia comum, sem nada disso disponível.

      Voltando à questão, o artigo está aqui pra convidar a refletir seriamente se há qualquer coisa tão grande e tão evidente que o universo mostra nos seus movimentos e que pode ser captado por percepção sutil e pelos cálculos matemáticos humanos (como parece ser a definição de um portal numérico), e porque isso não é expressado pelas pessoas que apresentam com tanta solidez a existência desses portais. Porque 12.12.12 e não 13.12.12? O que há no alinhamento numérico além de um alinhamento numérico? Que coincidência é essa que em 11.11.11 acontece um grande portal e em 12.12.12 acontece outro? Não seria gregoriano demais esse movimento astronômico na significação humana?

      Enfim, pra reflexão.

      Saudações.
      Nando

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