Em primeiro lugar, o que seria “espaço espiritual” exatamente? Segundo, já não fizemos essa pergunta antes, para vários outros projetos pessoais? Lama Surya Das, lama budista autor de “O Despertar do Buda Interior“, em um novo artigo publicado no The Huffington Post com o título “A Vida no Horário Padrão do Buda” (Life in Standard Buddha Time), tem uma resposta que pode ajudar. Segundo ele, existe uma pergunta fundamental que está debaixo dessa dúvida de como criar espaço espiritual para nós mesmos, que é: “Como posso abrir mão de qualquer coisa que tenho?“.
A resposta que todos damos a todo momento é “não posso”, “não tenho como”. Dr Stephen Covey, autor de “First Things First“, conta aquela conhecida histórias das pedras grandes (“Big Rocks”), que representam nossas prioridades, mas Lama Surya Das acena com a possibilidade de não termos que mexer exatamente nas pedras grandes, talvez apenas, inicialmente, na areia mais fina. Usando as palavras de Surya Das, “todo e cada momento pode servir como uma passagem para um nível maior interior, para o nirvana”. Assim, cada pequeno espaço de tempo aplicado no meio de um dia agitado, para respirar, relaxar e se conectar consigo mesmo, seria ao mesmo tempo “urgente” e “importante” (usando os termos da matriz do livro de Stephen Covey), mas não seria exatamente pedras grandes, e sim pedras pequenas, ou mesmo a areia fina. Ou seja, poderia entrar em qualquer dia já desenhado e projetado.
Depois que sua prática de pedras pequenas se estabilizar, Lama Surya Das diz que é preciso ir além. “Depois que respirar fundo em determinados momentos se tornou parte do seu dia, tente uma prática de investigação e reflexão se perguntando: Porque eu sinto que tenho que fazer o que estou fazendo neste momento? E pra quem eu estou fazendo?“.
“Se dizemos que não temos tempo (para práticas espirituais) por causa de nossos problemas ou responsabilidades de família, isso é simplismente uma fuga. Significa que não temos desejo de seguir o caminho da espiritualidade. Somos preguiçosos e evitamos trabalho. Tão imersos no maya (mundo ilusório), tão preso à sua rede, que sequer nos tocamos que há uma realidade maior que o corpo e que o mundo exterior à nós. Não temos olhos pra vê-lo, ouvidos para ouvi-lo e coração para senti-lo”.
~ Amma