A loucura & a irresponsabilidade

(Isto é um post des-criogenado). Há uns três meses, o ator Tom Cruise viveu um momento de polêmica no programa Today Show (NBC), envolvendo a Scientology, uma espécie de religião científica não-exclusivista. Eu tinha escrito uma mensagem na época, e estou publicando agora, revisada, pq acho que pode ter algo de útil. Não é sobre Scientology, é sobre responsabilidade de informação.

O fato todo está nesse vídeo. Se você quiser, pode assisti-lo e nem precisa ler meu comentário. Num certo momento da entrevista (perto do minuto 7, de um total de 13), confrontou o apresentador Matt Lauer por ele ter sido leviano e mau-intencionado. A MSNBC fez pior, jogou a matéria contra Tom Cruise – “In tense moment, Cruise…“.

O assunto específico é a liberdade e principalmente a responsabilidade sobre a informação. É curioso a estratégia de fazer com que, a partir de um certo ponto, tudo seja relativo, e você, mesmo sem conhecimento algum de um determinado assunto, possa querer achincalhar um profundo conhecedor em nome simplesmente da liberdade de expressão, ignorando sua responsabilidade sobre ela (vampirismo?). Matt Lauer defende a psiquiatria sem qualquer conhecimento do assunto, e desafia Cruise apenas por “hipótese democrática“, enquanto o ator fala com informação na ponta da língua (como o próprio Matt disse no ar, “vejo que você fez o dever de casa”), e, portanto, defende sua opinião com um background responsável (e, por isso, também útil).

O apresentador/jornalista não sabia sequer o nome do remédio e/ou das substâncias que o levaram a questionar o ator. Tudo bem você e eu não sabermos, mas se um jornalista pretende discutir, ele tem que estar preparado, porque isso afeta suas próprias perguntas, afeta o espectador, a própria função de esclarecimento e levantamento de informação que é do jornalismo. Então quem está louco? E qual o tratamento: exercícios e fósforo (bom pro cérebro) ou a psiquiatria? Você decide.

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5 Comments

  1. says: Bia Badaud

    Cara, eu estava pra escrever um post sobre algo parecido, mas ando com preguiça de postar ultimamente. Sucede que estava no carro, e um comentarista dava informe sobre aeroportos. ‘Aberto para pousos e decolagens..’ etc. Informou que saíam vôos para São Paulo às 10, 10:15, 10:30. Aí solta: – ‘Pra quê tanto vôo, pro mesmo lugar, a intervalos tão pequenos? Eu hein. Mesmo que sejam empresas diferentes. Podia espaçar mais’. Ainda deu alguma risadinha, e fez algum ‘tsc, tsc, tsc’. Fiquei pensando, po, o cara não está lavando meias no tanque da casa dele. Está num microfone, de uma emissora. Com certeza há explicação para os horários, com certeza tem a ver com necessidades do tráfego aéreo. Se o comentarista teve a dúvida, poderia telefonar pra uma empresa, perguntar e informar no dia seguinte.
    Enfim, sei que a comparação com o que vc falou foi um pouco forçada, mas mesmo numa situação boba dessas, dá pra notar despreparo no profissional.
    Eu achei, pelo menos…

  2. says: nando

    TEM TUDO A VER, BIA! Tudo, tudo mesmo. Num nível mais cotidiano, mas é o mesmo tipo de comportamento. Um incita o outro, os dois se colaboram. Eu postei isso porque acho uma prática cada vez mais frequente nas mídias regionais e nos blogs.

    Pensei muito em você, pq eu tenho a maior admiração pela tua visão perceptiva da saúde (e isso é saúde social, midiática, né?).

    Voto SIM pela responsabilidade. ;)

  3. says: Nessa

    é… é bem por aí, Nando…

    tem tudo a ver o que a Bia falou! acabo de “vir” de um congresso que discute a saúde na mídia, e, depois de tomar contato com os trabalhos que vêm sendo feitos nesse sentido, dá pra notar como alguns jornalistas – infelizmente a maioria da mídia massiva – não sabem e nem procuram saber sobre os assuntos que falam/escrevem.

    e isso acontece com a saúde, com a música, com as coisas cotidianas. aqui no RS, pelo menos, acontece muito.

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