Eu voto SIM ao Desarmamento

Recebo do meu primo, por e-mail, um texto da Denise Frossard que teoricamente é contra o Desarmamento. O post abaixo é a resposta que enviei a ele.

Antes de dizer que sou absolutamente contra a opinião da ex-juíza e hoje deputada Frossard, deixe-me esclarecer que ela também é contra. Tudo isso que ela falou no artigo é passado, foi re-editado por um jornal do Rio por motivos que ela discorda. O link para o novo artigo está abaixo:

Porque vou votar sim para o desarmamento
Por Denise Frossard”

Eu não precisaria falar mais do que isso, mas falo (porque a própria ex-juíza não é muito enfática na sua argumentação). Sou pró-desarmamento e da proibição do porte de armas de fogo, e não estou no pólo oposto da discussão certa por causa disso. A ex-juíza já se desculpou, mas isso não apaga que sua visão inicial era baseada em mera opinião e sem fundamentação científica, o que colocava não apenas eu, mas nomes importantes como o de Luiz Eduardo Soares e Paulo Sérgio Pinheiro, desse lado “errado” que ela apontava, e que ela mesma está hoje.

Quem assistiu Tiros em Columbine sabe o que a liberdade de comercialização e porte de armas de fogo é capaz. Não produz apenas atentados caseiros, mas produz uma indústria inteira de promoção de porte ao seu redor, que vai do entretenimento à “bancada da bala”, como são conhecidos os deputados que gostam de “caça”. Essas coisas geram estatísticas que não páram de crescer e matar (pdf), e que apontam que na Grande São Paulo, 60% dos crimes com armas de fogo tem motivos banais, onde muitos dos envolvidos nos conflitos se conheciam. Hoje, cerca 30% das mortes por “causa externa” no Brasil são causadas por armas de fogo, um índice maior que acidentes de trânsito.

A proibição das armas não resolve a corrupção nem a impunidade, mas a liberação está muito mais longe desse objetivo, se é que não trabalha contra. Não vejo como votar contra o desarmamento pode significar ser em favor da paz e da felicidade.

Não vejo porque a proibição da comercialização e do porte não pode ser ser feita junto com o controle da produção. Mas eu nem poderia, pq a ex-juíza não nos ofereceu um único argumento. Ela se diz contra a violência e pede a atenção para os reais motivos da violência, mas não sei como isso pode ser compatível com a defesa das armas de fogo.

A ex-juíza não citou muitas pesquisas porque praticamente todas falam exatamente o contrário do que ela fala, e vem de uma realidade onde pessoas como MV Bill, que também é a favor da proibição, conhecem muito melhor que ela, que trocou o Rio por Brasília. A Unesco, o Ministério da Saúde e diversas universidades e laboratórios de estudos de violência estao em campanha aberta contra o porte e a comercialização – ignorar a dedicação dessas pessoas que não recebem o “apoio” de lobby como o ex-deputado Roberto Jefferson é ignorar a própria função da educação no Brasil. Isso sim é que é ser a favor da violência e das causas mais letais dela.

Em julho aconteceu um show no Complexo do Alemão, no Rio, que marcou o lançamento da campanha “Mãe, Desarme seu filho”, um intento pela paz e pelo nosso futuro. Algo bem oposto a “violência branca da demagogia”. Lá tocaram Cidade Negra, MV Bill, Afroreggae e Gabriel O Pensador – “essa tribo é atrasada demais / eles querem acabar com a violência / mas a paz é contra lei / e a lei é contra paz“.

“Acho que as forças da civilização, entre as quais modestamente me incluo, devem ficar do lado do “sim”. É claro que, numa democracia, todos são livres para discordar. Só lhes peço a gentileza de não fazê-lo à bala.”
(Hélio Schwarztman)

No dia 23 de outubro, VOTE SIM AO DESARMAMENTO.

VOTE SIM À PAZ.

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