A beleza está nos olhos de quem vê, diz o conhecido provérbio.
O que acontece com a visão, quando ela não vê?
Ela provavelmente está vendo “outra coisa”, que não aquilo que está se desdobrando em beleza no momento presente. Está envolvida com essa outra coisa num ambiente imaginário, ou então ela está torporizada, em estado parecido ao sono (cansaço, negação, desmotivação, vários motivos possíveis). Ou seja, os olhos mesmos estão “desligados”, enquanto a mente faz seus passeios.
A visão começa na mente, e não nos olhos.
Se a mente não está disponível para ver, se ela não permite a consciência do seu arredor, os olhos não verão o arredor. Eles verão o que a mente permitir ou tiver interesse.
(lembra do experimento do gorila no jogo de basquete?)
A capacidade de ver está na capacidade de, primeiro, estar conectado e presente ali onde a beleza está acontecendo, com a consciência viva e a mente disponível, sem agendas. O problema é que realmente estar sem agendas e sem elocubrações é um fenômeno raríssimo na condição humana – tão raro que hoje só acontece com muito treino, ou em situações especialmente apropriadas, como um por do sol muito bonito num fim-de-semana.
“Nada a querer, nada a fazer, nada a ser”, instrui o mestre Sri Sri Ravi Shankar. Se uma situação assim consegue ser vivida, então a mente se despreende de suas agendas e desejos, e pode finalmente se abrir relaxada e livremente para a beleza que estiver acontecendo.
Um gato e um filete de água rua abaixo.
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